segunda-feira, 16 de março de 2015

Miragem


A alma em expansão
O coração em contramão.
Mãos que afagam
Pensamentos que divagam
Indo, em saga
Atento a toda adaga
Dourada
Esplêndida
Que em seu engodo
Em sua realeza
É verdade consumida
E fere
Quando partida.

Adeus, meu amor
Meu doce engano
Sobrou-te só o pranto
De viver em eterno dano.



segunda-feira, 9 de março de 2015

Atento


Estarei atento, admirando-me.
Admirando-me toco no vão da sensibilidade
e reconheço quem está nu.

Estarei atento, amando-me.
Amando-me me reconheço,
e abro espaço para amar a quem me cerca.

Estarei sendo.
Porque sendo, sou mais
mesmo que não seja.


quarta-feira, 4 de março de 2015

Lá se vai


Lá se vai o sol. Lá se vai, lá se vai o sol.

O horizonte mais belo
que acompanhei,
uma correnteza de momentos
que guardo carinhosamente em meu peito,
em minha alma.

O mais vasto, vasto céu, vasto mar,
que me limpou as asas e os pés,
e me deu forças pra caminhar.

Lá se vai o sol. Lá se vai, lá se vai o sol.
Amo-te sol, amo-te.
Renascerás do outro lado, mais forte, acordando os olhos preguiçosos do mundo.

Uivarei para lua.



quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O Todo.


O sol ilumina os contornos da memória feitos de pedras e tijolos, enfatizando as cicatrizes da cidade, marcas que envelhecem e nunca morrem.

O mar observa-me de longe, desenrolando as nuances da alma e as fazendo equilíbrio. O mar me toca dentro, criando novas ondas e desvendando os mistérios de sua propagação, expandindo a percepção e sussurrando em meus ouvidos que a refração é uma dádiva necessária para chegar à reflexão.

As areias, que são fartas de pegadas e mostram as mais variadas direções, precisam que as águas do mar interfiram em seu espaço, desfazendo-as e refazendo-as para que nossos pés trilhem novos passos, e que o nosso coração saiba ver que todo caminho é um recomeço.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Calor


As gotas de suor, vítimas do sol desta tarde de segunda-feira percorrem 
sobre meu peito nu. 
O calor do meu corpo se eleva e sinto desejo por tudo aquilo que penso, 
uma memória fugitiva de um futuro prazeroso composto pelo agora. 
Quem eu sou? 
Quem serei? 
As respostas eu guardo no amanhã, quando me refizer, quando me renascer, 
quando o sol cegar minha vista para que eu possa chegar mais longe de olhos 
fechados, e provar pra mim mesmo que sempre serei capaz de enxergar, desconstruindo 
toda imagem que se montará diante de mim.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Ardência


Grito
em homenagem ao que me espera
o horizonte chama.
Fogo.

Rasgo minhas vestes
de pele.
Ardo.

Não sossego enquanto não aprecio o que vem de encontro a minha vista.
Não desprezo nenhum detalhe, o inicio do olhar é a conquista.
O toque
me arrepia.

Vou, entre as correntezas do meu ser.
Nunca sempre,
mas
sempre
sendo. 


quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Entre, nós.

Pulei tua janela
Entrei na tua morada
Fundimos nossa alma.
E então, percebi:
Tu escalaste uma barreira minha que nem mesmo eu sabia que existia.
Que machucaste os pés, ao pisar em espinhos espalhados pelo chão tortuoso da minha alma.
Que iluminaste toda parte escura e imprevisível do meu interior.
Que, delicadamente, atingiu meu coração com uma adaga branca.

Fiz-me nós.

Poderia, por um lapso eterno, esquecer de todos os corpos que já desfrutei
Quase como um virgem na estrada, antes de entrar e limpar os pés no chão de tua morada.
Não por não saber demais, pelo avesso: conheci e compreendi cada passo de minha caminhada, mesmo que fosse preciso analisar as marcas que deixei nas terras áridas, onde a apreciável chuva se fazia rara. Mas por sentir muito, entre teus olhares que cintilam ao me encontrar, tuas coxas intensas e brandas, tua imensa e vasta alma, que me encanta.


Entre cada mistério que convida à descoberta.
E a cada descoberta, que flerta com a luz que escapa de nosso amanhecer interior,
atingindo,
suavemente,
quem se importa dentro de nós.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Valsa

Sem pressa, o vento vai.
Desarmando-me completamente, 
teu sorriso.
Estou entregue. 
Acompanho o vento, sem rosto. 
Sem forma. Puro.
Deixo-me fluir, nas correntes 
de água que passam entre uma ponte e outra.
O teu orvalho fica em mim, limpo e cristalino,
como a manhã de primavera.
As folhas secas caem, lentamente, sobre 
o que nunca foi.
A árvore do passado se desmorona, 
com a suave brisa que passa dançando 
entre meus pensamentos.
A melodia deslumbrante que existe no agora, 
é composta pelos teus toques, que se expandem 
dentro de mim e de toda a imensidão que lá existe. 
Todo o espaço criado flui, 
e eu acompanho, 
na valsa.








domingo, 15 de junho de 2014

Dois

Abro os olhos.
Dois pássaros voam em sintonia com o céu,
e desaparecem nas nuvens.
Olho absurdamente sensível pro oeste. 
O sol, devagar, se esconde entre as montanhas.
Tudo é tão precioso, que não pensaria em contemplar outra coisa, 
senão o horizonte.
Mas algo me chama...o que seria mais importante que o horizonte? 
E então, sinto o toque suave de suas mãos sobre meu rosto. 
Sinto o cheiro dos meus sonhos. Fecho os olhos, e sinto tudo...
mas logo abro, e me confundo, pois estava certo de que tudo 
aquilo era um sonho. 
As curvas do teu corpo, os teus lábios, teus olhos que me 
enxergam no fundo da alma...eu te toco, pra conferir a realidade. 
E me surpreendo: É real. Eu sinto que nada pode me atingir, 
e valorizo cada segundo daquele momento. Fazemos parte da paisagem,
somos donos do horizonte. Os olhos ainda estão abertos, porém pequenos, 
pois o largo sorriso que ganhei no rosto se torna fácil de compreender. 

Dois pássaros ainda voam no céu, sem se preocupar onde vão parar...


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Apreciação


A chuva aperta quando a gente tem pressa.
Vontade louca de correr, essa. 
Mas por um instante, só por um instante, 
eu permaneço. 
E tudo me atravessa.
Sinto cada gotícula de chuva 
percorrida em minha pele,
e me transformo em água. 
Atravesso as ruas escuras, 
as poças iluminadas, 
o lago que admiro tanto - eu estou lá. 
Estou também no esgoto,
fétido e podre, mas o que se há de fazer? 

O Sol chega, tão forte, tão sedento...e eu, evaporo.
Me encontro nas nuvens, e de lá, sou maior. 
Caio, violentamente, em cima dos apressados.
Mas percorro, leve e extraordinário, na pele dos que permanecem.



quinta-feira, 17 de abril de 2014

Ala dos Esquecidos

Ala dos esquecidos.
Dos cansados, doentes de amor.
Ala dos que já acreditaram, com convicção, no belo.
Dos não-correspondidos.
Entre eles, sonhadores caídos, gente que perdeu o riso.
Asas quebradas, corações partidos.
Olhos moídos, alma encharcada. Tão vazia de vida, tão cheia de nada.
Só rastros e lembranças.
A agulha espetada em suas veias lhes dão a falsa impressão de que tudo vai passar.
É a dor amenizada, esquecida, por ora. Alguns não voltam pra casa, se viciam.
Não passam de almas penduradas em suas próprias dores.
E, olhando bem, a gente percebe quem é novo por ali e quem já está acostumado
com isso tudo.
Os novatos sempre choram, alguns gritam, esperneiam. Retalham o corpo.
Costumam ter nos olhos, o mar e o desespero.
Se você quiser saber dos veteranos, olhe em seus olhos. São vazios.
Dizem que, chegando mais perto, se ouve o eco da dor em suas pupílas dilatadas.
Toda madrugada uma leva de pacientes novos chegam até mim.
Pode soar estranho, mas me conforto sobre suas dores. Eles me fazem esquecer da minha.
Os esquecidos são o meu vício. E eu, a saída.

.


quarta-feira, 19 de março de 2014

De vez em quando


Há uma beleza sedutora em ser fraco. Pelo menos de vez em quando.
Em desabar, se embebedar de whisky ou até mesmo daquela pinga velha no canto da cozinha.
Dar uns tragos, ficar chapado, se perder por dentro e procurar uma saída.
Existe poesia em estar só, bêbado e vazio. Pelo menos de vez em quando.
Hoje eu estou belo. Perdidamente belo. Eu sou meu espetáculo, e assisto a mim mesmo, numa mistura de vergonha, orgulho e poesia. Hoje eu me perdi, sem saber do amanhã.
Hoje, só hoje, me sinto belo em ser fraco.


terça-feira, 18 de março de 2014

O sorriso de Quem


O sorriso de quem conversa ao telefone .
De quem escuta a voz mais adorada.
O sorriso sincero e sem graça, mesmo só.
De quem perdeu a hora, de quem já não sabe de nada.
O sorriso do susto bom, da surpresa bem-vinda e nunca ensaiada.
De quem não sente os pés, do formigamento nas mãos.
O sorriso que dói, dói de tão largo que é, mas que continue doendo!
De quem parece que nunca sofreu.
O sorriso do outro lado,
Que nunca é nosso
Mas sempre é nos dado.


quarta-feira, 5 de março de 2014

Ela

Ela passa...
Deixando seu cheiro, úmido e amargo.
Ela passa...
Me levando em suas mãos, tecendo em seus passos a teia da distância.
Ela passa...
Assim como passei em outros corações...
Ela passa.
Como uma pequena poça, inaugurada pela chuva.
Ela passa.



sábado, 15 de fevereiro de 2014

Vem D'aval.

Cabeça nas nuvens, num céu nublado.
A tristeza não entrou pela janela, bateu na porta. Deixei entrar.
Delicadamente acariciou meu peito - dor.
Fui lá pra dentro de mim e observei aquilo tudo. Foi de embaçar a visão.
Senti um certo prazer na melancolia da chuva, nas nuvens acinzentadas. 
E não havia nostalgia, não havia saudade, não havia nada.
A tristeza - que já me conhece - foi embora. Ela sabe que não dura muito.
Agora era eu dentro de mim, num vazio pós tristeza, pairando no ar,
deixando se quer alguém notar - nem mesmo eu sabia de mim.
Me fui embora, e escorri minha alma pelo ralo. Saí de dentro de mim, e me preenchi de música.
Agora minha alma dança. 
Desconheço os passos, cada ensaio é uma surpresa. Cada surpresa é
um ensaio do que virá. Então eu deslizo, percorro o infinito e volto.
Vou deixar a porta aberta, pra o que vier entrar. 
Só deixa eu voltar naquele corredor pra buscar meu coração

Que esqueci sangrando

No escorrer dessa canção.





domingo, 9 de fevereiro de 2014

Poema da Entrega (2)


Teus olhos mostram
Um mundo que eu quero ver
Tua mão conduz
Uma dança que eu sei resolver

Tuas palavras são minhas
Os meus lábios são teus
Teu caminho é incerto
Assim como o meu.



sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Poema da Entrega (1)


Lentamente a despia
Saboreando a paisagem
Me descobria

Por anseio ou devaneio
Perdi minha razão
Me encostei entre teus seios
E lá se foi meu coração.


sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Moradia Alternativa


As coisas vem e vão. 
As vezes me sinto só em meio à multidão. 
A vontade de compreender nunca é em vão, 
mas desgasta com um tempo. 
Com o tempo que é seu e ninguém compreende 
o ritmo de seus sonhos, 
seus passos mentais e sua visão ampliada. 
As vezes a melodia ambiente é 
o oposto da sua mente e se torna diferente 
da considerada perfeição. 
Visão e pensamentos se confundem com o real 
e todo o óbvio se torna mortal. 
O veneno tomado lentamente pode ser expelido 
se percorrido um caminho 
diferente. 
Me levo pra longe, onde minha morada se torna quem eu sou.


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Momentaneamente Eternos


O vento. Sinto a brisa do toque dos seus dedos sobre os meus.
Nossas mãos dançam e flertam.
O teu cheiro invade meu corpo e respiramos o mesmo ar.
Conversamos o tempo todo. Seja por palavras, aos toques,
aos gestos, em pensamentos...nossas almas se encontram e
nos tornamos um só.
O momento se torna eterno e o vento nos convida pra voar.
E voamos. Pra qualquer lugar. E sentimos. Tudo o que é possível.
Nos transformamos em nós mesmos.






quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

2013 - O Ano do descobrimento.


Se 2012 foi o ano de dúvidas, perdição, 2013 foi o ano de certezas e descobertas. 
Nesses últimos dois anos tenho crescido absurdamente, mentalmente e espiritualmente. 
Lutei bastante internamente e com pessoas próximas que não entendiam o significado de 
quem eu me tornei, que nada mais é do que minha essência aflorada e sem barreiras. 
Papos vazios não me preenchem mais, o óbvio me faz bocejar. Muitas pessoas segmentadas a um caminho só fazem daquilo sua verdade eterna, o que não as tornam mais sábias, e sim presas a si mesmas. 
Conheci e reconheci pessoas maravilhosas, cheias de sonhos e de alma aberta pro mundo. Elas estão em mim.
Liberdade. Ah, liberdade. Aprendi o real significado dela. E estou aprendendo! E quero aprender sempre! O que é a vida sem descobertas? Sem mistérios, sem porques ?
Outro aprendizado: Quando passamos pelo periodo ''Ser ou não ser'' e realmente escolhemos
 nossos sonhos, não importa as pedras e as barreiras no caminho, tudo se torna mais fácil e melhor, pois o caminho pra felicidade já se torna a felicidade. É só absorver.
A arte me invadiu por completo, e hoje tenho certeza do que eu quero e do que não quero pra mim, e tudo se tornou sonhos. Me aceitei, acreditei em mim, e sem muita opção, as pessoas começaram a acreditar também.

Aprendi que a vida é de entrega. Não importa as decepções do passado, se você não se permitir nunca vai descobrir o sabor da vida. Se entregar é ser quem você é, e ser feliz por isso. 



sábado, 14 de dezembro de 2013

Sonhos

Todos nós nascemos sonhando.
 Aos poucos a vida nos leva a coragem de continuar e lutar por aquilo.
Depois nos acostumamos com uma vida socialmente aceita e sem muito relevo.

Por isso as pessoas dizem, quando se referem aos seus antigos sonhos : 
''Era coisa de criança'' ou ''fase de adolescente'' 
Na verdade elas só querem dizer:  ''Na época em que o sonho era possível, 
quando não custava sonhar.''

Sonhos que hoje, se esquivaram no horizonte, e se tornaram lembranças.






terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Coisas delicadas (Sim, eu sou sensível)

Coisas delicadas.

Não tenho receio em dizer: Sim, eu sou sensível.
Sensivel ao toque, as visões, aos sentidos.
Um filme que eu vejo demora uma noite inteira pra ser deixado pra trás.
Até eu ver outro, me identificar com os momentos, me apaixonar ...
A música que eu ouço não tem fim, a melodia continua em meus passos.
Ela é transformada em vida.
A música que eu faço é puramente minha alma sendo exorcizada pra fora.
Não tenho receio de dizer que amo, se eu amar. De abraçar, se eu sentir
que assim é pra ser.
As palavras que eu sangro são os momentos da minha alma.
Tudo se transforma em momentos, uma conversa, um olhar, um gesto, o sexo, o horizonte, o mar, a natureza, a chuva, o frio...faço de mim o que eu sinto.
Não sou, estou.
Não me importo em ficar sozinho, se eu estiver em paz. Adoro ter uma boa conversa comigo. Descubro coisas incríveis, você não iria acreditar.
Coisas delicadas pra um homem dizer. Mas quem disse que existe um só em meu ser?






sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O Eu de Mim.


Foi nessa longa busca por mim que eu me encontrei no canto da estrada.
Mas quem eu encontrei estava perdido também, não pela incerteza do que o fazia feliz,
mas sim por aquele seu caminho de felicidade ser destrutivo pra alguns corações próximos.
Pra ele não fazia sentido tanto sofrimento alheio, e ficou cada vez mais difícil continuar.
Os que deveriam se juntar na caminhada, estavam chorando com pedras na mão.
Um mundo totalmente incerto e espontâneamente forjado para ser autentico.
Um refúgio. Algo pra se esconder dessa chuva, até as pedras caírem e as lágrimas secarem.
Mas parar a caminhada, nunca. Não era mais possível. Eu mesmo caminhava sob a chuva, sem me importar, feliz e decidido. E assim eu me vi escondido, entre as rochas da minha alma.






quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Mundo lá dentro

Eu trouxe minha alma desorientada, virada do avesso até aqui pra dizer que 
eu não sinto muito. 
Que meus olhos não são só meus, são de todos que eu visito. É estranho, 
mas é minha verdade. 
Um mundo se encontra em mim, mas eu não me encontro no mundo. 
Visitantes, ora infinitos, se vão, e se tornam parte de mim. Às vezes me 
esqueço, busco lá dentro, e um sentimento que não é meu me invade e 
eu transbordo em letras, em melodia, em histórias verídicas, nem todas 
desse mundo, nem todas no presente, mas em algum lugar, em algum tempo.
Eu sou o momento, eu sou o vento, o infinito da sua memória. Porque
todos serão da minha e eu serei um só, dentro de todos. E todos farão 
parte de um ser que neste exato momento, se encontra fora de seu estado.
Não importa quando, quanto, nem onde. Se me encanta, será parte de mim, e ponto. 
E exclamações, e interrogações, e ...

Um mundo se encontra em mim, 
e lá os raros permanecem voando.
O estranho é novo e a melodia guia o tempo.





segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Miragem

Te vi em passos lentos, voando longe. Já aconteceu antes. Um Déjà vu.
Meus olhos não miravam em seu dourado reluzente, nem em suas curvas encantadoras.
Mas sim em seus pés imaginários, descalços e libertos. Esperei que eles se virassem pra mim e me encarassem. Ou por milagre, corressem.
Mas seria esperar demais.
Por um instante eterno, achei que eles parariam e dariam meia-volta.
Mas ficaram tão longe, tão longe...caminhou tão distante, que confundiu o horizonte como parte dele.
Indo embora de mim. Fez-se horizonte, e por fim, sumiu. E levou. Levou o pouco que sobrou.
E então, me desfiz em gotas.
Naquela noite, choveu.






domingo, 1 de setembro de 2013

O mar


O horizonte se confunde em meus devaneios.
Ouço sinos. Vejo as ondas baterem e se desintegrarem na imensidão como meus breves pensamentos. 
A areia me conforta. O céu me abraça. Sinto que o mar sou eu, e eu faço parte do horizonte.
Paisagens humanas de passagem. Eles pedem paisagem, pedem a mim.
As histórias dos navegadores, a energia dos surfistas. 
As viúvas solitárias.
Os jovens sem destino. Os loucos. 
Os poetas. 
O resto.
Sinto a alma de cada um que se perde em mim. Os compreendo.
Aprecio a mim mesmo, sem fazer parte de ninguém inteiramente. E ninguém sabe disso.
Companheiras gaivotas, fazem sombra em mim. Se arrastam. Voam.
A chuva desaba.
Quando as gotas de chuva tocam em mim, me fazem sentir maior, e me sinto grato por não estar sozinho.
Muitos sonhos são deixados aqui com um peso enorme sobre mim. Promessas são feitas. Promessas morrem comigo. Por isso tão imenso, tão longe...

Então a noite vem, e eu pairo. Me calo. Pesco os sonhos que estão em mim, e durmo.



sábado, 27 de julho de 2013

Envio


De: Sophia
Para: Você
Enviadas: Sábado, 27 de Julho de 2013 02:46                         
                          Assunto: Olhar

Preciso me abrir com você. É sobre alguém, que muito breve, passou em minha vida. Esse e-mail será breve também, apenas pra dividir com alguém essas bobagens que passam despercebidas aos olhos da maioria, mas que você sabe o quanto é importante pra mim. Foi um momento.Eu conheci uma pessoa, sem conversar, sem tocar, apenas com o olhar. Eu o conheci. Mas como uma miragem, ele se foi. O tempo passou mas a lembrança daquele momento permaneceu em mim. Tentei encontra-lo em lugares distantes, mas parecia que ele fazia parte daquele cenário, e que em nenhum outro lugar, e nenhum outro momento eu o acharia. Então, com o tempo eu esqueci. Lembrei esses dias, aí me veio você na cabeça, que sempre tem um conforto pra noites frias e corações apertados. Lembrei que você era meu melhor remédio.

Beijos, Sophia.


Em 27 de julho de 2013 02:51, Você escreveu :

Olha, talvez não fosse ele que você tinha na mente e no coração, e sim aquele momento. E aquele momento era o seu amor por todas as coisas. Talvez seu coração, depois de tanto tempo guardado, pedia involuntariamente pra amar, mesmo não encontrando um amor. Eu conheço esse caminho. A gente sempre andou ele juntos, Sophia, mas com passos sozinhos.

Em 27 de julho de 2013 03:26, Você escreveu :
Vamos dar as mãos ?



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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Penas


Todos em volta dela
Todos pediam perdão
Sem ao menos saber de seus pecados
Apenas pra se sentirem melhor
Um pouco menos de peso.

Deixando espaço pra se divertir um pouco mais
Todos rodando em quadrados
Porque em circulo é muito comum
Eu te disse que conseguiríamos
Se soubéssemos o que queríamos.

O que conquistamos?
Se nem éramos dependentes o suficiente
Pra saber o que queríamos.

A vida é chata e monótona
Pra quem sabe o que quer
E eu, que nem sei quem eu sou
Ainda peço perdão

Pelos pecados que não cometi.




quarta-feira, 12 de junho de 2013

Permita-se


Antes de dormir, agradeça. 

Não importa sua religião, não importa se você não tem uma religião,
se acredita em deus ou se o escreve com letra minuscula.

Agradeça pelo bom dia que você teve. Se não teve um bom dia, 
agradeça mesmo assim, um dia difícil te ensina muita coisa quando absorvido. 

Sonhe bem. Ao acordar, se espreguice e diga: 
'' Hoje meu dia será inesquecível ! ''. 
Enxergue além.
Muitas coisas belas estão escondidas, posso dizer que a maioria delas. 

A questão é se deixar permitir observá-las e absorvê-las. 



terça-feira, 28 de maio de 2013

O valor da dor


A responsabilidade ao entrar num hospital e de sentir responsável por aquela vida em suas mãos, frágil depois de baleada de dores.
A triste visão da água que escorre pela vidraça é o reflexo do seu rosto ao se lembrar de que ninguém é forte como deveria ser.
Poderia ser diferente, se o passado fosse o presente. Você não estaria ausente. Agora só resta que o presente vire passado e passe o impasse da decisão que foi feita pela mesma pessoa indecisa que não se decidiu e o destino tomou seu lugar como quem diz: ‘’Sai daí moleque! O futuro são nossas decisões, mas se não há decisões há apenas o futuro das consequências’’. 


A luta continua, aos passos lentos de cautela de quem já viu muita coisa e apenas soube correr. Decidiu ser.



A chuva continua, mas ninguém sabe.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

O Vento da Madrugada


O vento da madrugada vem sereno.

O vento vem lento e distrai a saudade

Mas quando vai o barulho se esvai

E a saudade é quem vem no seu lugar.

O vento é sopro do mar antes de adormecer;

É a canção de ninar que a noite faz pra ela mesma

Fechando as cortinas pra dar vez ao Sol fazer seu espetáculo.

O vento vem lento, e leva.





quinta-feira, 25 de abril de 2013

Leãozinho



Minha interpretação de Leãozinho, do grande Caetano.


Gosto muito de te ver, leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você, leãozinho
Para desentristecer, leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho
Um filhote de leão raio da manhã;
Arrastando o meu olhar como um ímã...
O meu coração é o sol, pai de toda cor;
Quando ele lhe doura a pele ao léu...
Gosto de te ver ao sol, leãozinho
De te ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba
Gosto de ficar ao sol, leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você e entrar no mar
Caetano Veloso.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Depois do Ontem


O vazio chegou pela manhã.
A felicidade foi embora depressa e confusa, pra eu aprender 
que nem tudo é sonho.
Convidei a tristeza pra se deitar comigo, ela disse que meus 
braços são frios.
O Sol nasceu e eu não tinha forças pra abrir as cortinas.
Nessa sede do mundo, acabo atingindo todos com minha saliva. 
Dizem que a primeira impressão é a que fica, mas não sei quantas 
impressões eu tenho e quantas vezes eu vivo e morro.
O céu pode cair desabando todas minhas certezas impensadas 
ou posso voar até ele e fazer a certeza do momento.
Qual a diferença?
Eu caio e levanto de todas as maneiras, na beira da estrada, na areia lisa. 
Em frente ao mar ou sendo jogado pela vida.
É como se ela me atirasse sobre cacos de vidro e sussurrasse:
''Você pode levantar e sair correndo e não aprender nada, ou junta-los
e fazer um belo vaso pra que na próxima queda, flores sejam recolhidas ''


 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Conversa sobre Ele


'' Foi-se o tempo do amor, Carina. ''

Ele é assim Carina, sozin.
E quem anda em conjunto aos passos seus
É bem-vindo a se perder entre eles
E agora Carina, que se há de fazer?
Se o será não é o que poderia ser?
Se o futuro é a saudade?

'' Vai Carina, me deixa sair não, me deixa sair não.
São pedaços meus espalhados no seu coração. ''

Conta pra quem quiser ouvir;
Que um moço passou por aí.
Que a porta tava trancada
E que ele entrou mesmo assim, rápido, mas devagarin.
Dizem que apesar de sozin, ele carrega consigo o mundo.
Mas que lembrança boa desse moço aí...

Será que ele passa por aqui?



quinta-feira, 4 de abril de 2013

Última Carta


Decidi não me ver aquela noite.
Cobri todos os espelhos de casa de olhos fechados.
Fechei todos os vidros, as portas e janelas entreabertas.
Arrastei todos os móveis pra fora da sala, o sofá, a TV, a escrivaninha, o tapete... de certo modo não queria nada que lembrasse você.Mas tudo lembrava você.
Então fechei a porta, e percebi como aquela sala era grande.
Só não estava totalmente vazia porque deixei aquela cadeira ali, e o lustre acompanhava logo acima, me aguardando.
Eu fui.
Subi na cadeira. De certo modo achei que seria mais fácil, algo libertador.Poético mesmo sabe ?
Pois é, a verdade é que eu estava morrendo de medo. Coloquei minhas mãos trêmulas sobre a velha corda que me pertenceu quando era pequeno, quando eu brincava e sorria...
Imaginei um colar, e deixei sobreposto no pescoço durante 15 minutos, olhando pro nada, imaginado o tudo que nada foi.
Eu chorei pela primeira vez em três anos, e pela última.
Minhas mãos começaram a apertar o nó da corda. Senti a corda enrolada por inteiro no pescoço.
A cadeira bambeou. 
Caiu causando um eco medonho e sombrio.
Senti a garganta queimar, e instintivamente tentei tirar aquilo de mim. Não queria mais, era um covarde, afinal.
Quanto mais eu lutava pra permanecer, meus braços perdiam força, a visão embaçava, a respiração ficava difícil...
Meu corpo estagnou.
Meus olhos ficaram fixos.
Olhando pro nada, imaginando nada.
Eu fui.